Lourmarin
Um tributo a um homem que me ensinou a pensar o absurdo da condição humana e a viver melhor com a sua natureza trágica e sem sentido.
Recordo que aos vinte anos me caiu nas mãos esta entrada, um soco no estômago, de "O mito de Sísifo"(a negrito):
Recordo que aos vinte anos me caiu nas mãos esta entrada, um soco no estômago, de "O mito de Sísifo"(a negrito):
"Só há um problema filosófico verdadeiramente sério: é o suicídio.
Julgar se a vida merece ou não ser vivida, é responder a uma questão fundamental de filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, vem depois. São apenas jogos; primeiro é necessário responder. E, se é verdade, tal como Nietzsche o quer, que um filósofo, para ser estimável, deve dar o exemplo, avalia-se a importância desta resposta, visto que ela vai preceder o gesto definitivo.
São evidências sensíveis ao coração, mas é preciso aprofundá-las para as tornar claras ao espírito. Se pergunto a mim próprio como decidir se determinada interrogação é mais premente do que outra qualquer, concluo que a resposta depende das acções a que elas incitam ou obrigam. Nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico.
Galileu, que possuía uma verdade científica importante, dela abjurou com a maior das facilidades deste mundo, logo que tal verdade pôs a sua vida em perigo. Fez bem, em certo sentido. Essa verdade não valia a fogueira. Qual deles, a Terra ou o Sol gira em redor do outro, é-nos profundamente indiferente. A bem dizer, é um assunto fútil. Em contrapartida, vejo que muitas pessoas morrem por considerarem que a vida merece ser vivida. Outros vejo que se fazem paradoxalmente matar pela ideias ou pelas ilusões que lhes dão uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver só ao mesmo tempo uma excelente razão de morrer).
Julgo pois que o sentido da vida é o mais premente dos assuntos —das interrogações. Como responder-lhes? Em todos os problemas essenciais (e por tal entendo os que podem fazer morrer e os que multiplicam a paixão de viver) só há provavelmente dois métodos de pensamento, o de La Palisse e o de Don Quixote. É o equilíbrio da evidência e do lirismo o único que nos faculta ao mesmo tempo o acesso a emoção e à clareza.
Num assunto ao mesmo tempo tão humilde e tão cheio de patético, a dialéctica sábia e clássica deve pois ceder o seu lugar mais modesto que deriva ao mesmo tempo do bom senso e da simpatia."
Galileu, que possuía uma verdade científica importante, dela abjurou com a maior das facilidades deste mundo, logo que tal verdade pôs a sua vida em perigo. Fez bem, em certo sentido. Essa verdade não valia a fogueira. Qual deles, a Terra ou o Sol gira em redor do outro, é-nos profundamente indiferente. A bem dizer, é um assunto fútil. Em contrapartida, vejo que muitas pessoas morrem por considerarem que a vida merece ser vivida. Outros vejo que se fazem paradoxalmente matar pela ideias ou pelas ilusões que lhes dão uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver só ao mesmo tempo uma excelente razão de morrer).
Julgo pois que o sentido da vida é o mais premente dos assuntos —das interrogações. Como responder-lhes? Em todos os problemas essenciais (e por tal entendo os que podem fazer morrer e os que multiplicam a paixão de viver) só há provavelmente dois métodos de pensamento, o de La Palisse e o de Don Quixote. É o equilíbrio da evidência e do lirismo o único que nos faculta ao mesmo tempo o acesso a emoção e à clareza.
Num assunto ao mesmo tempo tão humilde e tão cheio de patético, a dialéctica sábia e clássica deve pois ceder o seu lugar mais modesto que deriva ao mesmo tempo do bom senso e da simpatia."
lavanda?
ResponderEliminaré claro... Provença....
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