Índia, Arambol (Goa), dia 21

para começar a notícia das moças do Kama Sutra era a mentira de 1 de Abril. o perfume das devadasi respeitadas e admiradas perdeu-se, impuro transgressor e blasfemo, no tempo.  no norte  nem sequer vislumbrei a tenebrosa versão da actual Índia ("There are around 25,000 devadasis in Karnataka today. The practice is also prevalent in other states like Andhra Pradesh, Maharashtra and Orissa. (...) Although traditionally, devadasis may have danced at temples, most of the contemporary devadasis do not even mention this. (...) They are not allowed to marry because technically they are "married to God". Therefore, they are referred to as nitya sumangali – someone who can never be a widow.").
na Índia a libido está reduzida a quase nada. o erotismo não é apreciado nesta sociedade. as relações sexuais tem apenas funções reprodutivas. a seguinte cena deve ser regra:
os parceiros, casados e visando a reprodução, sem se despirem, copulam e uma vez atingida a ejaculação afastam-se respeitosamente.
eu vim até ao mar na procura da reconciliação com os indianos.
não percebo (ou percebo se admitir a resignação como regra) porque um pobre do norte da Índia que vive coberto de crostas, cabelos como farripas de esfregona, que se deita cada noite no meio de dejectos animais e é maltratado a miude, não se põe a caminho do mar?
desconhecerá a existência do mar?
e que dizer da elite de um pais que caga postas de pescada em forma de ensinamentos ayurvedico, yoguicos e demais sabedorias anti-vida mas que nunca se banhou neste mar de sonho?
ser pobre entre palmeiras e mangueiras, banhando-se neste caldo amniótico, conhecendo estrangeiros, fazendo de mirone nas praias das belas putas russas, é ser bem menos pobre...

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