(sem título)

Sinto o caos, a derradeira das parcas
tecendo-me lentamente a envoltura da alma.
Finalmente um pouco de sossego
no doce refluxo do Mundo.

Excluo-me do jogo de sombras.
Visto-me em nome do belo,
recebo em troca farrapos de frio
fealdade em troncos escuros.

Mas mesmo quando caio
nunca sei se o escuro dos olhos
me salvará realmente de mim
e a cama me resgata à dor.

No lugar do gozo da vida
foi colocada outra coisa,
tenaz como a chuva de Outono,
que me vive colada ao corpo.

Lisboa, 16 de Dezembro de 2011

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