Peregrinos

Vejo o cortejo dos peregrinos
os de sempre com novas caras
cansados, velhos escravos livres
serviçais frescos de novos senhores.

Junto-me-lhes convicto
sobreviver apenas
crisálida de mopane
regressando à terra.

Alguns ficam pelas estalagens
no caminho, em troca de nada
tratam os cavalos, cozinham
educam os filho do novo amo.

Estarei nos primeiros,
uma gamela vazia
a servir de prato
palha seca de leito.

Levo a velha chibata
disfarçada, cerzida ao peito,
sem uso algum, gesto vão
d'antiga e inútil dignidade.

Por bolor verde  e saudade cinza
de quando vez passo-lhe pano seco
e fantasio banquetes com meninas vadias
em poses indignas das filhas do dono.

Lisboa, 18 de Dezembro de 2011

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