Certo dia um cão sábio passou por um grupo de gatos. À medida que se aproximava, percebeu que estavam muito concentrados no que estava acontecendo entre eles e não lhe prestavam a menor atenção. Decidiu então parar e escutar o que diziam. Do meio deles levantou-se um gato grande e solene que olhou para todos e disse: - Irmãos, rezem, e depois rezem de novo e outra vez ainda, sem duvidar; e então, em verdade lhes digo, vai chover rato. Ao ouvir isso, o cachorro riu deles por dentro e afastou-se, pensando: - Oh, gatos cegos e insensatos! Pois não está escrito e eu não sei, e meus antepassados antes de mim não sabiam, que o que chove quando rezamos e suplicamos com fé não são ratos, e sim ossos? [Khalil Gibran, O louco, trad. Dinah Abreu Azevedo, São Paulo, Aquariana, 2003 (Lado B), p. 19]