Tehura

Bate-me, bate-me muito.
E se ao amanhecer tiver esquecido
não esqueças que esqueci,
um sorriso de desdém,
trocista,
um Deus caído, um homem.

Bate-me, bate-me muito.

Segui o meu hóspede,
o que empunha o chicote,
o violador sagrado!
Num compasso descontrolado
vens-te num suspiro
como a chuva de Março.

Mas não me olhes nos olhos.
bate-me antes, bate-me muito.

Lisboa, 17 de Março de 2004

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