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Ser homem é

no principio a vida era andrógina, o tempo era andrógino. é ao andrógino que nos dirigimos novamente, apressadamente. a que preço? um homem é já uma miragem na geração pós-adolescente dos nossos filhos; um perfume de macho que se sente ainda aqui e ali na brisa que passa. ser homem é uma invenção da natureza, antiga, herdeira da criação dos sexos, da reprodução. uma fórmula de sucesso repetida e reinventada até à exaustão do nosso tempo. os nossos pais homens ensinaram-nos pela imitação um ser agressivo, machista, terno, canalha, auto-destructivo, suado, lavado, irónico e trocista; um ser homem que já não pudemos ser e muito menos ensinar a ser, no seu lugar construímos uma nova masculinidade insegura e bipolar. Elizabeth Badinter escrevia em “XY: Sobre a identidade masculina” que compete às mulheres ensinar aos seus filhos o novo masculino, assim será. os homens são incapazes de o fazer. mas, amáveis construtoras, sabeis o que é um homem? se tendes de construir um homem é bom que tenh

M'agrada molt aquesta gens mevas nenas*!

" Eu conheci uma mulher que gostei, começamos a encontrar-nos e ela disse-me que tinha uma boa chance com ela. Alguns dias depois perguntei-lhe se ela queria ir jantar fora... Deixei-a escolher o local, e fomos jantar. Durante todo o jantar ela falou do ex. Paguei 40€ pelo jantar. Quando chegamos a casa dela, ela começa a chorar no meu ombro, quando eu tentei falar com ela sobre o ex. Ela disse-me que estava cansada e que era melhor eu ir embora. Que fiz eu de mal?" Está o mundo cheio de Santos... Pois é amigo, más noticias. Em primeiro lugar, quando uma mulher diz: "tens uma boa chance comigo" 1. Fuja! ou 2. Olhe para ela, abane a cabeça e diga com um ar desapontado, "Pois, se calhar é melhor teres cuidado comigo... tu não tens assim tantas hipóteses..." Em segundo lugar, nunca deixe uma mulher escolher o local em que vão jantar da 1ª, 2ª, 3ª e possivelmente 4ª vez! Em terceiro lugar, se a levar a jantar fora, e ela começar a falar do ex namorado, interro

Um punho cerrado

Gare de Sta. Apolónia, acabava de chegar de Coimbra. Um dos mendigos, dos muitos que passam por ali a noite, aproximou-se de mim com aquela cara miserável que convém a alguém que vive daquilo que se julga sem direito: o meu dinheiro. Teria uns cinquenta anos, camisa desabotoada, calças às riscas, casaco castanho às nódoas; arrastava uma perna retorcida. Pediu-me 100 paus, dei-lhos e como estava nos meus dias comecei com filosofias, e lares, e Seguranças Sociais e reabilitações. De repente agitou-se, abriu a camisa apontou-me o lado esquerdo do peito e disse naquela voz entaramelada pela manhã de um bêbado: — Vê este punho fechado, com dois elos inteiros e um partido? Acenei com a cabeça. — Vi-o pela primeira vez à mais de 20 anos numa viagem por aí, pelo mundo. Olhe, dessa vez voltava da Suiça, da fruta. Umas horas antes um qualquer desgraçado tinha-me roubado a mochila na praia de Torremolinos, tinha ficado sem nada, nem umas cuecas tinha, foi com uma toalha à volta do cu que fui ao c

Philip Roth

Fechar A tua avaliação foi adicionada com êxito. Fechar Desculpa, ocorreu um erro enquanto a tua avaliação era adicionada. "quando fazemos amor com uma mulher, tudo aquilo de que não gostamos na vida e tudo aquilo que nela nos derrota é, momentaneamente, vingado!" Philip Roth in "O animal moribundo" ("O animal moribundo" foi talvez o melhor romance que li nos últimos anos)

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Escrevo um diário há mais de 20 anos. De cada vez que abro um dos 120 cadernos A4 que se amontoam na estante é como se reencontrasse um velho conhecido, alguém em que reconheço uma profunda dedicação a este espinhoso " ... mestiere di vivere ". Sei que só “… aprendemos a viver quando a vida já passou”. Preciso ler-me para que o meu respeito por mim próprio seja inabalável: entender as circunstâncias que me levaram aos fracassos e relativizar os sucessos. Encontro esse outro eu que já não é, e previno a pior das doenças da alma: " ... entre as nossas doenças, a mais selvagem é a de desprezarmos o nosso ser ". Num tempo novo, com novos meios, escrevo, ou transcrevo aqui, uma parte pública desse diário.