DEI
Se há uma razão para sermos homens, não a vislumbro    para lá da simples vontade do sermos;  uma força  que nos empurra como às ervas do jardim,  uma vontade infinita de sermos felizes.   Falam-me duma improbabilidade, Deus.  Há que dizer "sim, está bem", e seguir adiante.   Mas rio-me como o homem adulto ri  das infantilidades duma criança feliz.   Não, não sou como tu, Søren .  Um Deus absurdo não serve,  o absurdo em nada precisa Dele  passa bem só com o acaso.   E também para quê acreditar  num Criador louco, mau ou vazio  que gera o frio e o caos  em vez da doçura da justiça?    Lisboa, 26 de Dezembro de 1996