elle

Uma aragem marinha abana as palmeiras.
Despes uma peça de roupa
como quem desprende do céu
uma nuvem carregada de promessas.

Um dia cruzarás o mar
para colocara meus pés uma oferta
de joelhos, como escrava do desejo
e nas mãos abertas a alma carregada de flores.

Pela tua vontade a Terra muda
os céus fazem-se claros e caros,
ao sol, que como uma girândola
reverbera promessas de sangue.

Assim haja verdadeira vontade
de colher o fruto que amadureceu
todos estes Invernos
no teu seio de submissa.

Assim sejas alimento
na ceia canibal do desejo
e objecto dialecto e infame
à mesa do teu Senhor.

Há nascimentos sem baptismo
e baptismos sem nascimento.
Tomo-te nas minhas mãos
e faço-te minha , puta elle.

Lisboa, 21 de Março de 2011

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