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O caminho do meio

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Jesus, Judas e Pedro caminham pela Judeia e deparam com um rio caudaloso. Judas diz: -É pá! Que rio! Como vamos atravessar, mestre? - Caminhando sobre as águas, Judas. - Oh Cristo, olha que eu não sei nadar, retorque Judas! - Oh homem de pouca fé, confia em mim e não te afogarás! Avança Pedro e atravessa, quase caminhando sobre as águas, com a água apenas pelos tornozelos. A seguir vai Jesus e, como era seu costume, caminha calmamente sobre as águas. Judas começa por sua vez a travessia. Desconfiado, como sempre. Com medo de se afogar. Dá um passo e já tem a água pelos joelhos... Diz, assustado: - Oh Cristo, olha que eu não sei nadar! - Oh homem de pouca fé, confia em mim e não te afogarás! Dá outro passo e já tem água pela cintura. Com a voz esganiçada diz: - Oh Cristo, olha que eu já te disse que não sei nadar! - Oh homem de pouca fé, confia em mim, não te afogarás! Dá mais um passo e já só tem a cabeça fora de água. Com Judas quase a afogar-se diz Pedro para Jesus: -

Deus mandou matar Malala

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Malala Yousufzai – foto Nighat Dad Numa longa mensagem enviada há quase 1400 anos, Deus, mandou matar Malala . Em vez de ser ele a fazer o trabalho sujo, por exemplo fazer explodir a cabeça da miúda, como uma melancia, em pleno vale de Swat. Não, Deus preferiu mandar a mensagem e deixar que os assassinos fossemos nós. Deixar que a nossa ridícula razão interpretasse as suas palavras e premisse o gatilho. E se Deus não puder ser compreendido pelos humanos? Se todos os textos sagrados não passarem de imposturas religiosas fruto da nossa incompreensão do Criador? E se todos os homens de Deus fossem afinal homens do Diabo? “Apesar de ela ser nova e uma menina e de os taliban não acreditarem em ataques a mulheres, qualquer um que faça campanha contra o islão e a sharia deve ser morto, segundo a sharia ”, explicava há dias o porta-voz do grupo no comunicado em que o ataque foi reivindicado. “Não é apenas permitido matar uma pessoa assim, mas obrigatório.”

Da riqueza e da pobreza material

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O que é a propriedade? Descobri que para que existam ricos é necessário que haja pobres a quem os primeiros possam comprar parte da vida (horas de trabalho). Não tinha a certeza, no fundo talvez pudéssemos acabar com a pobreza sem acabar com os ricos. Mas não é possível porque a riqueza é essencialmente definida pela possibilidade da compra de pedaços baratos de vidas alheias (horas de trabalho) com custos baixos para que a riqueza não se delapide rapidamente. A ideia nada tem de original mas ainda não tinha percebido a falácia da direita e da esquerda moderada quando dizem que "não queremos acabar com os ricos, queremos é acabar com os pobres". A riqueza é horas de trabalho dos outros, acumuladas por um. Não quero dizer que seja injusto podermos comprar pedaços de servidão voluntária de outrem, pelo contrário; todos o fazemos quando vamos ao médico ou temos aulas. Mas o que dizer das heranças, os teus filhos já nascerem com direito à servidão dos meus ainda por nas

As mulheres de Camus ( II )

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Quando no futuro se falar em D. Juan vai-se falar em Albert Camus. Principalmente pela vida que viveu mas também pelo capítulo que dedica ao Burlador de Sevilha em O mito de Sísifo . Camus não é um sedutor qualquer, ele é o que é perdoado facilmente pelas suas conquistas: o grande sedutor. As mulheres perdoam aos grandes sedutores e apenas se sentem usadas pelos medíocres. Para quem não gosta de sedutores deixo o link do artigo do Guardian, aqui . Acho-o mal escrito e cheio de incorreções mas vai acalmar os corações das senhoras e senhores que acham que o amor é lindo se for um homem e uma mulher, somente. Fica de seguida uma recente entrevista da filha, Catherine Camus, a um jornal catalão, Las mujeres de Camus e um texto sobre a biografia de Oliver Todd, “Camus and his Women”. As mulheres de Camus texto original de  Héctor Aguilar Camín "Nos últimos dias de Dezembro de 1959 o escritor Albert Camus, que havia ganho o prémio Nobel dois anos antes, escreve

Mamas e gatos

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O grilo e a vontade

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Grilo macho Grilo fêmea - "grila" Grilo e a sua toca Num buraco da soleira da porta do meu prédio, no rés-do-chão, vive um grilo. À tarde e à noite, desde Junho, ele canta ininterruptamente, durante horas. Já não o posso ouvir mas como me ensina filosofia também não o expulsei de lá. Desde que fiz 6 anos os grilos começaram a ensinar-me filosofia, política e moral. Poucos professores foram tão influentes no meu pensamento como o foram os grilos. Em relação aos meus professores humanos os grilos têm três vantagens: são todos parecidos, vivem vidas parecidas e sabem viver. Não é raro que os animais ensinem filosofia aos filósofos, por exemplo foi um rato que ensinou a viver ao meu mestre Diógenes . Era um rato como os outros ratos. Sábio como todos os ratos. Aliás, nos livros escolares dos nossos pais havia um grilo, ufano da sua beleza e canto que acabava a ser enjaulado numa caixa - um ensinamento moral adequado `ditadura de Salaz: não te evidencies, não

Un cañón en el culo

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La primera operación que efectúa el terrorista económico sobre su víctima es la del terrorista convencional, el del tiro en la nuca por Juan José Millás Si lo hemos entendido bien, y no era fácil porque somos un poco bobos, la economía financiera es a la economía real lo que el señor feudal al siervo, lo que el amo al esclavo, lo que la metrópoli a la colonia, lo que el capitalista manchesteriano al obrero sobreexplotado. La economía financiera es el enemigo de clase de la economía real, con la que juega como un cerdo occidental con el cuerpo de un niño en un burdel asiático. Ese cerdo hijo de puta puede hacer, por ejemplo, que tu producción de trigo se aprecie o se deprecie dos años antes de que la hayas sembrado. En efecto, puede comprarte, y sin que tú te enteres de la operación, una cosecha inexistente y vendérsela a un tercero que se la venderá a un cuarto y este a un quinto y puede conseguir, según sus intereses, que a lo largo de ese proceso delirante el

Os homens são violadores

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Que monstruosidade! Em que mundo vive quem pensa assim?    Foto de mau gosto... Azar, o blog é meu! Esta frase foi-me repetida esta noite numa conversa de café por um convicto holandês acompanhado da sua loira mulher ou namorada. Rebati a tese com o pouco que sei sobre este assunto. Não dou para o peditório dos relativismos, mesmo se muitas vezes concedo nas tautologias discursivas do "a maioria", ou do "em geral", só para não ter de aturar essa gente que se julga superior a mim porque me chama à atenção para que "não se pode generalizar" como se eu fosse um ignorante - sou, mas não tanto - quando digo que os cágados nascem com 4 patas, certamente devo ignorar que alguns nascem só com 3 patas e outros com 5; ou quando digo que os seres humanos têm 46 cromossomas devo ignorar que uma percentagem importante dos seres humanos têm trissomia 21 e por isso têm 47 cromossomas. Em geral o não-podes-generalizador refuta assim a afirmação do interlocutor