Último terço
"Aos dois terços da vida se não sabemos o que contém o último é porque não aprendemos nada, portanto nunca aprenderemos, portanto não aprenderemos mais." M. Onfray, "Le recours aux forêts" Desces as pálpebras de cansaço como se fosse a última vez que as desces. E ainda esperas à porta pela forasteira que não virá? Pegam-te na mão com posse Deixa-la ficar presa sem desejo. Morre-se com as pálpebras abertas quando se viveu d’olhos fechados. Sonha pequeno anjo que o tempo corre contigo como um rio bom e a correnteza te leva sem dor ao encontro do teu canto de terra ao encontros dos sonhos. Não, não me dêem passagem que não tenho pressa em chegar. Ainda me corre o sangue nas carnes cravadas de espinhas. Sei o que me vem nesse terço frio e húmido de chuvas. Sem ilusões ainda rio e caminho desenhando cornucópias vazias. Ponho no lugar do siso a doce tremura do desejo. Mas acerca-se, o anjo caído e o tempo de esperar, esperar apenas. Lisbo