Ausente
Sinto já saudades de mim  de ausência em ausência  preparo firme no coração  a grande ausência da alma.   O mundo não se molda  toca-se com suavidade  olha-se com respeito e  segue-se os seus ritmos.   Nas presenças que não se desejam  a (minha) ausência que não se chora.  Para cada partida há uma paz  que se ganha e se merece em vão.   Vive-se de mentira em mentira  cultivando o auto-engano  para justificar a cama  abandonada inerte e vazia cada dia.   Um dia devemos retirar-nos cansados de nós mesmos.  Deixa-se no mundo um letreiro a preto e branco,  suspenso numa pedra do caminho:  "Ausente".   Lisboa, 18 de Maio de 2011
 
