Paixões tristes


"O afecto passional depende dos factores externos, estes podem ser alegres ou tristes, vai depender da compatibilidade dos factores externos e nós. Podemos perceber que as acções são sempre positivas, e que as paixões podem ser alegres ou tristes. As paixões alegres nascem da compatibilidade entre as suas causas exteriores e nós, aumentam a nossa potência de agir e pensar, ocasionando uma situação propícia ao desenvolvimento da razão. As paixões tristes, ao contrário, por resultarem de um desacordo com o meio, inibem esse desenvolvimento, sendo prejudiciais. As paixões são resultantes da nossa interacção com as causas exteriores variáveis, que se caracterizam pela instabilidade. Com ela, o homem vive dependente em relação ao outro, alienado. As paixões são naturais, e como tal são dotadas de seu próprio conatus. São causadas em nós por factores externos, portanto, suas essências não são apenas as nossas, mas também resultam das essências dos factores externos. Como o conatus de algo, nada mais é que sua essência actual, a mesma dependência em relação à causa exterior ocorrerá na explicação da potência da paixão. O que explica a sua força, crescimento e perseverança na existência é, portanto, a potência de sua causa exterior em relação com a nossa. Por isso, a força das paixões pode superar as nossas, é o que explica que as nossas paixões podem ser mais fortes que nós. O conatus orienta-se pelos afectos passionais que dependem dos factores externos, podendo ocorrer um aumento ou diminuição da sua potência de actuar na existência. Já as acções resultam exclusivamente da nossa natureza, caracterizam-se pela constância e carregam em si a marca da autonomia e do exercício pleno do conatus. A liberdade para Spinoza se baseia sobre as acções."

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